Em 2022, o BSOP (Brazilian Series Of Poker) desembarcava em Gramado para a realização da quinta etapa da sua história no Rio Grande do Sul. Curiosamente, nas quatro primeiras edições do Campeonato Brasileiro de Poker no estado, a vitória no Main Event ficou com um gaúcho. Foi então que o catarinense Silvio Feiber colocou um ponto final do domínio local “jogando em casa”.
Silvio não é um jogador profissional de poker, é médico, especializado no aparelho digestivo. O doutor de Florianópolis foi para a etapa gaúcha por meio de um satélite no PokerStars de apenas US$ 16,50. O recreativo transformou o pequeno investimento na bagatela de R$ 350 mil, após superar um Main Event que contou com 776 inscritos.
“Jogo para fazer amigos e se divertir”, contou o catarinense. “Apesar de trabalhar muito, acabo arrumando um tempo pra estudar o poker. Ao contrário que muitos pensam, poker é um jogo de difícil entendimento, que precisa de muita dedicação pra se ter resultados positivos a longo prazo”.
O campeão recorda com muito carinho do feito conquistado. “Foi sensacional! Momento mágico, emocionante e gratificante. Chegar em uma mesa final é difícil, ganhar o Main Event é algo inimaginável, privilégio de poucos. Tive um fim de semana incrível e acabei mesclando decisões corretas com Deus no comando ajudando também”.
No momento do título, sua esposa e as duas filhas estavam no rail apoiando e vibrando com a conquista. “É muito gratificante. O apoio delas sem dúvidas foi fundamental para o título e continua sendo muito importante pra eu continuar jogando”, comentou sobre o apoio da família.
O jogador ainda revelou uma promessa feita. “No dia final, quando estava saindo do quarto do hotel pra fazer a mesa final, minha filha caçula, na época com 10 anos, olha pra mim e fala, ‘pai se você cravar esse torneio, você dá pra gente um gato pelado?’ Como achava quase impossível cravar eu respondi que sim. Hoje temos o Fester como mais um membro da família”.
E seguiu falando sobre as etapas que consegue conciliar as ações na mesa com o passeio em família. “Sempre que eu posso, jogo o BSOP. Quando é em um local cheio de atrações turísticas para família, levo elas, são meu talismã. São a razão da minha vida! Já foram pra Brasília, Foz do Iguaçu e esse ano estarão novamente comigo em Gramado. Já mandei elas pensarem em outro bicho de estimação pra comprar [risos].
Questionado sobre o feito de colocar fim na hegemonia gaúcha jogando as etapas do BSOP no Rio Grande do Sul, o jogador ponderou. “Considero bem comum um local chegar nas cabeças, pois além de se ter vários ótimos jogadores gaúchos, o número de jogadores locais aumenta muito quando se joga em casa. A chance de um local chegar na final aumenta muito”.
Para conquistar o título, Silvio Feiber precisou desbancar o profissional Bernardo Rocha no heads-up. No início do duelo, o jogador local possuía o dobro de fichas. É exatamente este momento que não sai da cabeça do médico. “A memória marcante do BSOP Gramado 2022 foi ter conseguido virar um Heads-Up contra um grande jogador profissional. Ganhar com minha família na plateia e ver minhas duas filhas chorando de emoção. Até hoje não sei se foi por eu ter ganho ou por elas terem garantido mais um gato [risos]”.
O campeão também recordou das perdas recentes antes daquela conquista. “Eu tinha perdido dois grandes amigos recentemente. O Grande Wilson Darela, o Darelinha, que era conhecido e amado por todos no poker, e meu sócio Álvaro Steckert Filho que o COVID levou precocemente com 35 anos de idade. Certeza que eles me ajudaram e que estariam hoje extremamente felizes com essa conquista”.
Silvio Feiber já garantiu um lugar no Main Event do BSOP Gramado, pois na primeira semana conquistou um dos pacotes nos satélites do PokerStars. “A expectativa é enorme. Jogar novamente em um local que me deu tanta a alegrias é especial!”.
O catarinense encerrou falando do significado de um possível bicampeonato na Serra Gaúcha. “Conseguir ser o quarto jogador na história a ser bicampeão de Main Event de BSOP seria demais. Estou indo pra lá pra isso!”.
